BIO­DIVERSIDADE

Estima-se que compartilhamos o mundo com mais 9 milhões de espécies de seres vivos. Apesar dessa estimativa, conhecemos somente pouco mais de 1 milhão dessas espécies. E é possível que 8% de todas elas tenham a Mata Atlântica como lar.

Com quem dividimos o mundo?

Reconhecer quem são os seres vivos do planeta é um dos primeiros passos para entender o funcionamento da vida e tomar decisões corretas para a conservação dessas espécies.

Muitos cientistas afirmam que no mundo existem aproximadamente 9 milhões de espécies de seres vivos. Destas, conhecemos apenas cerca de 1,2 milhão. Apesar de ainda termos muito trabalho pela frente, essas espécies descritas e catalogadas são frutos de séculos de pesquisas que envolvem viagens, coletas, transporte e armazenamento correto de exemplares para a posterior identificação da espécie.

O projeto AF Biota também fez esforços na catalogação das espécies da Mata Atlântica, onde acredita-se que haja de 1 a 8% da biodiversidade mundial. Ao longo do projeto, foram descobertas 85 espécies novas deste bioma, sendo 22 espécies de aracnídeos, 17 borboletas, 2 lagartos, um sapo, 41 plantas e 4 onicóforos (pequenos invertebrados com várias pernas e com textura aveludada).

Animal invertebrado, terrestre com aparência de verme.

Localização:
Município de Camacã, Bahia.
Reserva Particular do Patrimônio Natural Serra Bonita.
Tamanho: 3,5 a 5,3cm
Peso: até 4g
Curiosidades:
Para capturar suas presas, dispara fios de muco que podem alcançar até 1m de distância, imobilizando a presa nessa substância pegajosa que seca em poucos segundos.

Como descobrir uma nova espécie?

É muito comum vir a nossas mentes a clássica imagem do(a) cientista biólogo(a) desbravando floresta adentro para estudar os seres vivos que vivem ali. Esse tipo de viagem de campo é essencial para a descoberta de novas espécies. Biólogos(as) especializados(as) em grupos específicos de seres vivos possuem o olhar treinado para identificar o que procuram. Por exemplo, herpetólogos(as) embrenham-se na floresta de noite para capturar cobras, lagartos e sapos. Botânicos(as), de dia, levam sacos e papelões para coletarem folhas, frutos e flores de plantas. Após intensas expedições, esse material é levado para análise em bases ou em laboratórios e preservados em coleções de museus e universidades.

A partir do trabalho dos(as) biólogos(as), que catalogam essas espécies, podemos chegar a outros tipos de estudos. Por isso chamamos esse processo de ciência básica. O projeto AF Biota foi além da catalogação: para entender melhor a história evolutiva dessas espécies, foram feitos estudos que relacionaram onde as espécies e suas populações ocorrem e sua diversidade genética.

Vulnerável a extinção de acordo com a IUCN Red List.

Localização:
Nordeste do Brasil
Tamanho: 15 a 18,5cm
Peso: Aproximadamente 27g
Curiosidades:
Seu nome científico significa: do grego xiphos = espada; e rhunkus = bico, ou seja, ave com bico de espada.
Era considerada uma subespécie, os estudos do projeto AF Biota elevaram-na ao nível de espécie.

Sob essa perspectiva foi possível concluir que os aracnídeos da ordem Opiliones são altamente endêmicos. Isto é, suas populações colonizam pequenas áreas, se concentram de forma bem localizada e não ocorrem em nenhum outro lugar do mundo. Ou seja, frequentemente são espécies exclusivas daquele ecossistema. Por isso, um dos nossos estudos concluiu que a presença desses animais exclusivos já indica uma grande necessidade de conservação da área onde vivem.

Criticamente ameacada de extinção.

Localização:
Sul da Mata Atlântica, Espírito Santo.
Curiosidades:
Essa espécie de planta precisa de condições específicas para sobreviver: local úmido em barrancos e fundo de grotões, abaixo da cobertura vegetal densa.
Se a floresta não estiver bem conservada, essa espécie será uma das primeiras a se extinguir.

Assim, muito além de questionar quantas ou quais espécies existem na Mata Atlântica, o objetivo maior do projeto é entender como é a história delas nesses espaços e tentar fazer previsões sobre elas no futuro. ○